Ética Populacional

Hines (2018) –  Immigration and population: The interlinked ecological crisis
that dares not speak its name

O assunto de imigração, e do controle populacional, são tabus entre ambientalistas. O autor alega, porém, que se a redução da imigração não se torna uma prioridade para o movimento ambientalista, ao lado de um protecionismo “progressivo” (um conceito que ele mesmo elabora em seu coluna), então o apoio político somente pode expandir do campo que nos trouxe o Brexit, a eleição de Donald Trump e a ascensão da direita extrema na Europa.

Addison Philips (2018) – Immigration Ethics: Creating Flourishing, Just, and Sustainable Societies in a World of Limits
A maioria dos progressistas políticos e acadêmicos no mundo desenvolvido apoiam política migratórias abrangentes, até inclusive apoiar o livre movimento e assentamento de pessoas dentro de limites nacionais (“fronteiras abertas”). O autor alega que num mundo lotado e ambientalmente explorado, políticas migratórias realmente éticas hão de reconhecer limites. Ele alega que o privilégio dos cidadãos de estados-nações em determinarem os seus futuros e perseguir o estabelecimento de uma sociedade próspera justifica limitar a imigração ao ponto de assegurar vários bens societários, como a manutenção da coesão nacional e um estado de bem-estar.

Lianos and Pseiridis (2016) – Sustainable welfare and optimum population size
Este artigo proponha estimar o nível de “bem-estar global”, quer dizer, o nível de consumo que possa ser usufruído por gerações futuras em perpetuidade. Baseado nas medidas de pegada ecológica e biocapacidade, e levando em conta um nível aceitável de consumo per capita, o nível estimado de população mundial que não danifica a qualidade produtiva natural seria 3.1 bilhões de pessoas. A população atual, portanto, de 7.6 bilhões seria altamente superpopulada, inclusive nos maiores países no mundo. Lianos e Pseiridis enfatizam que é necessário educar mais e mais pessoas acerca da necessidade de reduzir a população e, controversamente, na necessidade de uma entidade governamental centralizada a liderar os esforços de coordenar esse projeto.

Hickey et al. (2016) –  Population Engineering and the Fight against Climate Change
Os autores argumentam que, contrário ao consenso político e filosófico, as ameaças engendradas pelas mudanças climáticas justificam a engenharia populacional: a manipulação intencional do tamanho e estrutura populacional humana. Especificamente, eles defendam três políticas que visam a redução da taxa de fertilidade: (1) aumento de escolha, (2), ajuste de preferência e (3) incentivos. Os autores argumentam contra as medidas coercitivas ou outras que seria moralmente censuráveis, e são a favor da liberdade individual de decidir quantos filho ter. Porém, eles concluem que políticas para reduzir a taxa de fertilidades são moralmente e pragmaticamente justificáveis. Ainda mais: talvez são até requeridas como ferramentas para prevenir os males das mudanças climáticas globais.

Dillard (2007) – Rethinking the procreative right 
Possuímos o direito de procriar livremente e sem considerar o direito dos outros? Este artigo redefina esses direitos como estreitos e saciáveis, reconhecendo os direitos e deveres competidos que justifiquem e qualificam esse direito. O artigo postula que o direito à procriação inclui, propriamente dito, o ato de numericamente substituir a si mesmo e até um certo ponto para que o bem-estar publico seja optimizado.

Gudorf (2001) – Resymbolizing Life: Religion on Population and Environment 
Como aumentamos a demanda para contraceptivos? Gudorf observa que para muitos cristãos, a santidade da vida possui um foco estreio no parto, em vez da manutenção de comunidades de vidas. Na cristandade medieval, o nascimento era visto positivamente como um símbolo da vida, mas que era equilibrada com conotações negativas: na teologia, o nascimento era conectado ao pecado original e, na prática, uma proporção considerável de recém-nascidos morriam. Em séculos recentes, essas conotações negativas diminuíram, dificultando uma resistência contra a idolatria moderna que veja o nascimento como algo bom a ser maximizado. Gudorf conclama a uma mudança de paradigma da simbologia e costumes religiosos, que pregam a sustentação da vida e de seu habitat na Terra.

Traduzido por Renato Whitaker